S T O K E D   N E W S 

L'art de Vivre - Carta aberta por Vovô Balian

 Fotos por @fellipeditadi e texto por @vovobalian

Faz treze anos que começamos essa história. De lá pra cá, muita coisa mudou: o tempo, os lugares, as rotinas. Mas há algo que permanece intacto, a sensação de que estamos sempre recomeçando. 

A campanha que celebra nossos 13 anos acontece na Europa, longe de onde tudo começou, mas com rostos tão familiares que nos remetem ao mesmo impulso que fez nascer a Birden lá atrás, com um pequeno grupo de amigos que acreditava mais nas ideias e ideais do que nas vitrines. Aqui, entre estradas estreitas, cafés antigos e cidades que respiram história, encontramos uma espécie de espelho, não daqueles que refletem o rosto, mas os anos vividos. Há um sentido de continuidade nisso tudo, como um sonho que atravessou o oceano e, aos poucos, foi sendo cada vez menos verde e mais maduro. 

Escolhemos o nome “L’art de vivre”, expressão francesa para denotar que a arte de viver não está no valor das coisas em si, mas no valor do tempo que damos a elas. Por isso, escolhemos seguir os que caminham conosco desde o início da nossa caminhada e que vivem num lugar onde o tempo é tratado com respeito, onde as pessoas param pra conversar, pra almoçar, pra observar. E percebemos que talvez o verdadeiro luxo esteja nisso, em ter tempo. Tempo pra repetir o conto mil vezes, porque cada vez ele ganha um novo ponto e renova seu sentido. Tempo pra dirigir sem destino pela costa atrás de uma ondulação que talvez nunca venha, pra quebrar o carro e perder a hora, mas sem perder o humor e perceber que, no fim, se ganhou mais uma memória. 

Foram muitos anos tentando equilibrar sonho e realidade, e hoje entendemos que os dois não precisam brigar. O sonho amadurece, muda de pele. Antes era sobre criar algo, provar que era possível. Agora é sobre continuar acreditando, mesmo depois de tanto tempo. É sobre o prazer de continuar juntos, mesmo quando a vida nos espalha por diferentes cantos. A amizade virou o alicerce de tudo, a força invisível que sustenta o que fazemos. Não é sobre estar no mesmo lugar, mas sobre carregar o mesmo olhar. 

Nas viagens pela Europa, reencontramos o sentido de estar em movimento. Estradas se tornaram uma espécie de fio condutor: nelas, as conversas mais longas, as ideias mais improváveis, os silêncios que não pedem explicação. Entre cafés simples e hospedagens improvisadas, percebemos o quanto crescemos. Já não precisamos provar nada pra ninguém. Queremos apenas continuar fazendo parte de algo que tenha verdade. 

A cada parada, o mesmo sentimento se repete: pertencimento. É como se cada esquina antiga, cada parede descascada, cada mesa de bar contasse uma história que já vivemos antes, em outro idioma, em outro tempo. Esses lugares, de alguma forma, nos reconhecem. E nós os reconhecemos também. Talvez seja isso que faz a Birden ser o que é: uma família espalhada, de gente que sente que ser parte de algo maior que si mesmo, se chama propósito. 

Há quem pense que viver de forma simples é fácil, mas o simples exige coragem. Coragem pra abrir mão do que brilha, pra seguir um caminho que nem sempre parece o mais lógico. A gente aprendeu isso no tempo, nas curvas da estrada e nas ondas que não escolhem hora. Aprendeu com as noites em que o frio e os pensamentos não nos deixavam dormir e com os dias em que a inspiração parecia ter ficado nos lugares que deixamos pra trás. Aprendeu a confiar nos amigos, no processo, no acaso. 

Treze anos depois, a Birden é isso: uma soma de trajetos, pessoas e decisões pequenas que, juntas, formam uma vida inteira. Não há manual, nem roteiro. Há encontros, saudades e o desejo constante de seguir aprendendo. Há a lembrança dos primeiros tijolos e a consciência de que estamos sempre construindo novos. A marca não é o destino, é o caminho. E o caminho, como a vida, é feito de imprevistos. 

“L’art de vivre” não é sobre viver bem, é sobre viver de verdade. Sobre aceitar o desconforto como parte da beleza. Sobre rir do erro, abraçar o perrengue, encontrar poesia nas horas perdidas. Sobre os jantares improvisados em cozinhas minúsculas, no café requentado na estrada, no carro que insiste em não ligar e nas ondas divididas no caminho. É sobre continuar, mesmo quando o caminho muda, e se reinventar sem perder a essência; viver com leveza, mas com profundidade. A Birden não é um nome numa etiqueta. É o reflexo de quem acreditou, e ainda acredita, que o simples pode ser extraordinário. 

Hoje, a Europa é o cenário, mas a alma é a mesma. Somos, no fim, os mesmos amigos de antes, apenas mais atentos, mais calmos, mais gratos e, sim, com cabelos mais brancos. E se há algo que o tempo deixou claro pra nós, é que viver é uma arte que se aprende vivendo. E isso é universal. 

With love, from Birden.