B I R D E N   P R E S E N T S

CRIATIVIDADE EM ROTAÇÃO
Com Rodrigo 'El Blat' Kimelblat 

@elblat.ceramics | @el.blat
Fotos: Emily Jane @emily__.jane

Natural do Rio de Janeiro, Rodrigo Kimelblat, de 29 anos, tem uma mente criativa que transita entre diferentes frentes e consegue uni-las com leveza. Vivendo hoje em Adelaide - Austrália, aproveita todo o conhecimento de sua formação em Publicidade e Marketing para conectar e expor de maneira profissional suas expressões artísticas entre música, cerâmica e mixologia (drinks).

O CAMINHO

Começou trabalhando com publicidade, mas sempre teve a música como algo presente em sua rotina. Multi Instrumentista com destaque para o violão e o piano, também é um apaixonado pelos toca discos há mais de 10 anos e logo transformou o hobby da discotecagem em uma fonte de renda de maneira natural, sem se deixar levar pela pressão de ter que produzir tracks, seguindo em sua própria pegada. 

Há dois anos descobriu a cerâmica como forma de expressão e a similaridade hipnotizante dos trabalhos manuais entre a rotação do toca disco e a roda da cerâmica fizeram todo o sentido. Rodrigo vive a arte e tudo o que ela proporciona. 

"Criar formas e extrair sons a partir de movimentos manuais com liberdade me motiva cada vez mais a seguir em frente."

Para ele, a discotecagem em sua forma mais "performática" com scratches e a roda da cerâmica criam um estado meditativo, onde se sente 100% presente e concentrado, com a mente no flow que percorre entre jazz e música brasileira. 

"A cerâmica tem um lance que eu acho lindo: A argila vai gravando seus movimentos. Um movimento sutil pode aperfeiçoar ou destruir a peça."

INFLUÊNCIAS

A influência na cerâmica veio de forma inusitada, acompanhando o comediante Seth Rogen, que na época da pandemia começou a criar algumas peças para ele próprio e alguns amigos, compartilhando esse processo em suas redes. Seth foi a pessoa que lhe mostrou essa arte e após essa primeira fagulha de curiosidade, começou a estudar mais sobre o assunto e adquirir os materiais necessários. 

El Blat conta que quando começou a pesquisar sobre cursos, percebeu que o valor dos cursos era o mesmo que a roda de cerâmica e como sempre teve uma inclinação autodidata resolveu meter as caras e aprimorar as técnicas através de tutoriais e vivência prática.

"O Youtube é uma ferramenta incrível para quem tem interesse em aprender algo. Quando comprei a roda não tinha ideia do que estava fazendo, achei que poderia queimar as peças no fogão de casa, por exemplo, então fui descobrindo que precisava de um forno específico a 1200 graus, etc. Quando me dei conta, já estava com os dois pés no jogo. (risos)"

RAÍZES

Essa vontade de expressão artística foi algo muito interno, sem muita influência familiar, como ele mesmo diz, a ovelha colorida da família. 

"Tive a influência de amigos e outras pessoas na minha caminhada, mas a arte de criar, seja produzindo uma música ou na cerâmica, do zero, são formas de expressão muito fortes e individuais para mim."

O VALOR DA ARTE NA AUSTRÁLIA

"Pretendo sempre conectar a música e a cerâmica. A qualidade de vida na Austrália é muito boa e em geral, as pessoas recebem salários justos, consequentemente tem um poder aquisitivo maior, o que gera por si só um consumo elevado de cultura, entretenimento e arte. Hoje ofereço cursos de cerâmica no meu próprio ateliê e o restaurante onde trabalho criando drinks também me abre essa porta de conexão entre meus trabalhos e o público. 

Diria que é bem possível viver da arte e música na Austrália. Se fosse levar uma crítica pro lado da música, diria apenas que diferente de cidades maiores onde já morei, por exemplo Melbourne, o leque de opções acaba sendo maior, mas isso é uma questão comum entre cidades mais cosmopolitas e uma cena mais regional".

REFERÊNCIAS

Musicalmente é um aficionado pela Black Music em geral, mais ainda de raíz africana e percussiva, também pela música brasileira do nordeste e os links com jazz, hip hop, soul e disco. 

Em relação a cerâmica, se vê no processo de pesquisa e aperfeiçoamento da própria linguagem, tendo interesse pela cerâmica de povos primitivos, indígenas e forte apreço pela cerâmica japonesa/asiática com técnicas de reparo como o Kintsugi, onde a peça reparada ganha até mais valor. 

MENTE CRIATIVA

Em suas criações Rodrigo é mais prático do que idealista.

Seu interesse é realmente transmitir o que está sentindo. Cada trabalho segue um caminho, às vezes com um significado maior, além de um processo criativo, mas o norte é sempre o sentimento. Sem limitações, vai sempre desenvolvendo interesse por outras áreas e tem vontade de aprimorar a marcenaria também, podendo criar suas próprias ferramentas conectadas à cerâmica.

COMPARTILHANDO 

Para quem tem interesse em começar na cerâmica, Rodrigo deixa algumas indicações como Florian Gadsby e Tortus, além de ressaltar o Youtube como ferramenta valiosa. Lembrando que até na discotecagem aprendeu na raça, sem tutoriais, dias mexendo nos botões até pegar o feeling das pick ups.

"É muito possível para qualquer um, força de vontade e paixão pelo tema proposto é o necessário para você se desenvolver em qualquer área."

PROJETOS FUTUROS

Pretende continuar tocando em lugares que vibrem com seu estilo musical e também proporcionando esse primeiro contato com a cerâmica para as pessoas. Tem vontade de desenvolver mais projetos de conteúdo audiovisual para quem quer aprender com ele e até o fim do ano fazer uma exposição com peças mais artísticas e decorativas.

GRAND FINALE

"Agradeço pelo espaço e a troca, pois nesse mundo artístico, o mais importante é essa troca, um enaltecer e compartilhar o trabalho do outro, pois dessa forma crescemos juntos, compartilhando informação."